O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier pede licença — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Civilização com Jesus

Emmanuel


A RESPOSTA DE EMMANUEL — Vários assuntos foram debatidos numa das reuniões públicas de Uberaba. Aberto “O Livro dos Espíritos” caiu a questão 790 que trata dos problemas da Civilização. Feitos os comentários, Emmanuel psicografou uma mensagem pelas mãos de Chico Xavier que no-la enviou, escrevendo-nos o seguinte:

“Passo-a às mãos com um apontamento que consideramos muito significativo. É que às despedidas, um grupo de oito pessoas, seis senhores e duas senhoras — não-espíritas, mas que se achavam presentes para observações, conforme nos explicaram adiantou-me que a mensagem lida em voz alta era uma resposta à inquietação deles os elementos do grupo, já que haviam pedido em silêncio alguma coisa do Plano Espiritual sobre as reformas atuais do Mundo.


1 Comumente surpreendemos muitos companheiros que falam de renovação do trabalho solicitando reformas violentas, como se todos os seus contemporâneos estivessem no grau de cultura intelectual em que já se encontram. Entretanto, se fossem recenseados entre aqueles irmãos da Humanidade que apenas guardam consigo, por enquanto, leves traços de alfabetização imperfeita, decerto que não se alegrariam em se vendo arrastados pelo vento da transformação para facearem sem preparo justo determinadas empresas de realização e serviço.

2 Muitos se referem aos problemas sociais exigindo medidas drásticas que consagrem novos tipos de relacionamento humano. Todavia, caso se vissem no lugar daqueles que foram mantidos desde a meninice nas sombras da ignorância, não se agradariam ao se reconhecerem impulsionados à força para experiências complexas e arriscadas, até agora inacessíveis ao entendimento geral.

3 Reportam-se outros muitos a diferentes condutas de economia, qual se a administração dos interesses de milhões de pessoas devesse alterar-se de um instante para outro. No entanto, se fossem contados entre aqueles que muito pouco sabem, ainda, acerca de produção e disciplina, receita e despesa, em nada lhes adiantaria entrar em metamorfoses precipitadas, que talvez unicamente os induzisse a leviandade e perturbação.

4 Demoram-se muitos no exame da liberdade, rogando a independência imediata e sem freios para todas as criaturas, qual se a liberdade verdadeira não se baseasse no dever retamente cumprido. Mas, se vivessem nos obstáculos em que estacionam os Espíritos inexperientes e inseguros, é possível que essa espécie de liberdade tão somente os levasse a sofrimento e loucura.

5 Se quisermos um mundo melhor, saibamos construí-lo.

Progresso espiritual não vem por osmose.

6 Não vale a melhoria de alguns sobre o estrangulamento de milhões.

Amemo-nos para instruir-nos reciprocamente, começando pelo respeito de uns aos outros.

7 A civilização com Jesus, por mais ampla na conceituação em que se defina, resumir-se-á sempre em quatro itens:

8 Evolução sim;

violência não;

solidariedade primeiro;

educação sempre.


O respeito pelos outros


Irmão Saulo


O processo civilizador é um esforço contínuo de aperfeiçoamento e adaptação. Os homens aperfeiçoam sua cultura pelas conquistas dos mais aptos e esclarecidos, mas ao mesmo tempo, procuram adaptar a maioria menos apta às novas condições de vida que vão surgindo. O ímpeto dos vanguardeiros é contido pela inércia da massa. Quando se quer romper essa inércia e realizar mudanças violentas, surge a necessidade da coação e da subjugação. Cai-se inevitavelmente na contradição de suprimir os direitos da maioria a pretexto de libertá-la.

Civilizar é, sobretudo, humanizar. As maiorias menos capazes devem ser elevadas ao nível das minorias avançadas. Mas, se não levarmos em conta o fator tempo, a adaptação da maioria implicará largos períodos de desrespeito à sua condição e aos seus direitos, advindo injustiças e sofrimentos coletivos incalculáveis. Os esforços civilizadores entram no torvelinho do círculo vicioso, com a repetição dos erros que se pretendia eliminar. A História está repleta de exemplos desses retrocessos perigosos.

O processo civilizador do Cristianismo é espiritual e não material, porque o homem é espírito e não matéria. Seu objetivo não é a quantidade, mas a qualidade. Seu método não é massivo, mas coletivo, não opera em termos de massa, mas de coletividades. A adaptação deve decorrer de estímulos e não de pressões. O respeito pelos outros, tão pouco praticado até agora, é o cimento da construção do novo mundo. Daí a conclusão de Emmanuel: “a evolução estimulada pela solidariedade humana e pela educação, com exclusão da violência que pertence à barbárie, é o caminho único da Civilização com Jesus”. É o que lemos no item 790 de “O Livro dos Espíritos”: “O homem não passa subitamente da infância à maturidade”


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