O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Correio do Além — Familiares diversos


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Eduardo Ruiz Dellalio

Eduardo Ruiz Dellalio, segundo filho de Francisca e Wilson, nasceu no dia 16 de outubro de 1962 em São Paulo.

Devido a um problema de incompatibilidade sanguínea com o fator RH materno, recebeu uma transfusão total de sangue logo após seu nascimento, graças à qual conseguiu sobreviver. Por este motivo, o casal não conseguiu ter mais filhos e viviam exclusivamente em função deste único descendente, pois a primeira filhinha do casal desencarnara aos 7 meses de idade.

Eduardo, cujo esporte favorito era futebol, foi sempre muito alegre e cheio de vida, canalizando a esperança e trazendo muita felicidade a seus pais, tendo ingressado aos 17 anos no curso de Administração de Empresas da Faculdade Álvares Penteado.

Partiu para o plano espiritual em 23 de junho de 1980, devido a um acidente de moto. Após 4 meses de sua ausência, Eduardo enviou a primeira de várias mensagens a seus pais. Vejamos como sua família recebeu estes comunicados:


DEPOIMENTO


“Apesar de nossa família e do próprio Eduardo sermos adeptos da Doutrina Espírita há 12 anos, praticantes do Evangelho no Lar semanalmente, a partida deste filho foi um choque terrível e insuportável para nós. Partiam com Eduardo todos os nossos planos e esperanças.

Neste clima de desespero, aflição e saudades, vivemos até o dia 16 de outubro de 1980, quando resolvemos procurar Chico Xavier em Uberaba.

Na noite de 18 de outubro de 1980, 4 meses após a partida de nosso filho Eduardo, recebemos surpreendentemente sua primeira mensagem, prova irrefutável da continuidade da vida.

Graças a esta mensagem e às demais que se seguiram, estamos hoje convictos de que nosso filho querido e amado continua vivo, estudando e trabalhando no Plano Espiritual, em benefício de irmãos encarnados e desencarnados.”


Francisca e Wilson Dellalio


PRIMEIRA MENSAGEM


1 Querido papai Wilson e querida mamãe Chiquinha, espero que me abençoem com o carinho de sempre…

2 Meu tio José Dellalio n está me servindo de condutor neste instante em que lhes dirijo a palavra.

3 Estou, ainda, na condição de quem está acordando de um sono muito longo.

4 A luta por minha recuperação tem sido trabalhosa porque, na realidade, eu não queria ter vindo…

5 Sei que estou refeito, que penso com a minha cabeça, que sou eu mesmo e que as minhas lembranças estão corretas, mas ainda não me aceitei, de todo, dentro da nova situação, embora seja isso necessário.

6 Pai, seu carinho entende o que digo. Estava pensando em férias, sem qualquer sombra nas ideias, quando o choque me surpreendeu…

7 Ao cair, por alguns minutos, estive sem ação, um tanto baratinado, entretanto, em seguida, vi e ouvi quanto se fazia comigo e em torno de mim.

8 Escutava as aflições da mamãe e as palavras que se pronunciavam sobre o acidente de que fora vítima, qual se meus ouvidos fossem transportados para o lugar, onde se pronunciava o meu nome. 9 Sentia dores, contudo, o que mais me incomodava era a incapacidade de assumir conversação ou de opinar em meu próprio caso…

10 Lutei para ficar aceitando os tratamentos indicados, no entanto, já não dispunha de meios para falar e mover-me, quanto e como queria…

11 Desejei tanto confortá-los, explicando que a moto não fora culpada de qualquer erro havido, mas apenas conseguia chorar por dentro de mim próprio.

12 Quando as minhas dificuldades se faziam maiores, naquele conflito entre admitir ou não a mudança que eu pressentia, via uma senhora de rosto simpático ao meu lado, a dizer-me que devia aceitar os desígnios de Deus e aceitar as mãos que ela me estendia… 13 Incapaz de sustentar a luta em que me via, compreendi que o meu problema não dispunha de outro caminho para se deslocar de minha inquietação. A senhora me solicitou chamá-la por vó Francisca n e amparado por ela que orava, em meu favor, adormeci…

14 Desse sono profundo é que despertei desconhecendo quanto tempo estive naquela inércia de sonho…

15 A vovó Francisca me trouxe a presença do tio José e com ele reconheci que me haviam escorado na travessia da viagem para a minha nova existência. 16 De começo rebelei-me, como era natural, mas, pensando na Bondade de Deus, gradativamente, entrei na aceitação de que necessito.

17 Papai e mamãe, sou muito grato por tudo o que fazem em meu favor. 18 Graças a Deus, conquanto esteja no choro, não posso me queixar, porque se sofri a separação de improviso, sem qualquer recurso para me defender, venho encontrando amparo e socorro para melhorar-me.

19 Rogo à querida mamãe Chiquinha não chorar sobre os retratos ou lembranças que me recordem.

20 Mãe querida, choremos de agradecimento e de alegria, porque a Bondade de Deus jamais nos esquece. Estou refazendo forças. Peço não se aborrecerem com a moto, porque qualquer máquina nos reflete. A companheira de ganha-tempo não teve culpa. 21 Aliás, a culpa não entrou em nossas cogitações, porque em qualquer desastre, ao que reconheço agora, as Leis de Deus têm o nome de acaso. Deus sabe melhor o porquê de nossas saudades.

22 Auxiliem-me na pessoa dos jovens esquecidos ou desanimados. O que puderem fazer por eles, em matéria de benefício, é a mim que o farão. 23 A bondade para com os outros é a melhor forma de estima e de apreço que somos capazes de mostrar aos que voltam para cá e que permanecem vinculados aos nossos corações. 24 Ajudem-me, ajudando aos outros. Penso nisso com muita vontade de que isso aconteça para que me recupere mais depressa.

25 Perdoem-me se termino aqui as minhas notícias. O tio me recomenda não forçar os recursos de que já consigo me aproveitar para lhes trazer um pedaço de meu coração e de minhas saudades.

26 Com muita gratidão a todos os nossos, reúne os pais queridos, num abração de muito carinho, o filho muito reconhecido e que confia em Deus, no sentido de crescer em novos conhecimentos, a fim de auxiliá-los, retribuindo, de algum modo, todo o bem que me fizeram.

27 Sempre o filho e amigão que não os esquece, sempre reconhecidamente,


Eduardo

Eduardo Ruiz Dellalio

18 de outubro de 1980.


SEGUNDA MENSAGEM


1 Querida mãezinha e querido papai Wilson, peço me abençoem.

2 Venho agradecer o carinho e a confiança que me deram às palavras. Isso para mim foi preciosa carta de crédito.

3 A alegria naqueles que amamos é para nós estímulo maior à compreensão e ao serviço.

4 O tio José n veio comigo para felicitarmos a mamãe Chiquinha pelo aniversário.

5 Querida mãezinha, para o seu coração querido, seu filho está pedindo a Deus as flores da Felicidade e da Paz.

6 Associo a irmã Izabel n ao nosso contentamento e sou grato a ela pelos ensinamentos do nosso grupo “Jesus Redivivo”. n Continuo aprendendo e caminhando para diante.

7 Saudade não muda, mas tudo quanto vem a ser lição na jornada se amplia em proveito nosso. E vou buscando pensar no melhor e fazer o melhor que posso, de modo a lhes ser útil.

8 Pai amigo, agradeço a sua bondade por todas as bênçãos que me proporciona e para o seu carinho, querida mamãe, deixo nestas letras garatujadas com amor o coração e o carinho total do seu,


Du

Eduardo Ruiz Dellalio

20 de dezembro de 1980.


TERCEIRA MENSAGEM


1 Querida mamãe Chiquinha e querido papai Wilson, abençoem-me.

2 Estou ciente. As consequências de meu regresso à Vida Espiritual ainda estão vigorando de modo difícil para nós.

3 Faço força. Busco diminuir as preocupações da querida mãezinha.

4 Coloco argumentos nas palavras do papai Wilson. Dialogamos. Voltamos à troca de ideias. Entretanto, a tristeza da mamãe Chiquinha é uma sombra cuidadosamente disfarçada.

5 Mãe querida, somente o papai e eu sabemos em parte como é grande o seu campo íntimo de batalha. Tantas condições imaginárias se apresentam em seu raciocínio que me surpreendo com a fertilidade de suas considerações. “Ah! se não tivéssemos aprovado a aquisição dessa moto? Se eu tivesse pensado melhor, não permitiria ao Du aquela volta a que se referia! Não seria melhor haver retardado a compra da máquina? Que amigos de meu filho lhe puseram na cabeça essa ideia de motoqueiro?”.

6 Essas perguntas sem respostas enxamearam tanto no seu silêncio que o abatimento físico a surpreendeu impondo reflexões graves a nós todos. Mãezinha, aceite as circunstâncias e entreguemo-nos todos a Deus.

7 É o que lhe peço enquanto lhe ouço os pedidos mentais para que me externe de algum modo… Expresso-me, sim, mas confiantemente, ao lado da vovó Francisca, n da vovó Ana n (porque não quero dizer bisa), a todas estamos a desejar-lhes, juntamente à querida vovó Lais n e a todas as Mães de nossa família, um Domingo Feliz amanhã, quando os pensamentos do mundo cristão se voltam para a exaltação e para a reverência para com todos os corações maternos.

8 Mãezinha, o papai Wilson lhe fala por mim próprio. Acredite nele. Somos dois amigos a reerguer-lhe as forças íntimas espancadas por essa saudade tão nossa que deve se converter em esperança. Paz e alegria é o que desejo ao seu coração querido.

9 E amigos vários que não dispõem da oportunidade de escrever nesta noite me encarregam de comunicar os nossos melhores votos de um Feliz Dia a todas as Mães presentes. Continuemos estudando os caminhos novos que nos conduzirão ao reencontro feliz um dia, na Vida Maior, e saibamos bendizer a felicidade que usufruímos, especialmente a felicidade de repartir fatias de felicidade com os outros.

10 Querida mãezinha Chiquinha, receba com meu pai e com a vovó, com todos os nossos familiares e amigos, os votos de paz e alegria, do filho que é sempre todo seu,


Du

Eduardo Ruiz Dellalio

09 de maio de 1981.


QUARTA MENSAGEM


1 Querida mãezinha Chiquinha e querido papai Wilson, não se agastem com a ausência de notícias.

2 Felizmente já pude transmitir as informações precisas, depois que a moto me despachou para outra região, conforme os Desígnios Superiores. Vou bem.

3 Acontece que não se pode escrever sempre que se deseja. Não temos censura, mas temos escalas. Os que precisam entendimentos mais apressados desfrutam de prioridade justa. O negócio é isso aí.

4 Peço à mamãe esquecer a moto acusada sem culpa e que ninguém fique triste.

5 E já que escrevo, da parte de mentores e amigos presentes, aviso aos pais e mães que muitas vezes se evidenciam desapontados com a falta de mensagens dos filhos ou dos entes amados que foram transferidos para Cá, para que não se aflijam.

6 Muita gente chora muito ainda, outros companheiros se revelam insubmissos e revoltados; outros parecem tocados por obsessões difíceis de passar, tamanha é a saudade com que se acomodam no fundo do imenso lago das lágrimas que não encontram condições para escrever construtivamente.

7 Por isso, muitos irmãos estão ainda no tanque do tempo alegando as mágoas que os fazem doentes e, por enquanto, incapazes do equilíbrio para reconfortarem a alguém.

8 Com isto não quero dizer que estou melhor. Apenas, entrego a Deus as minhas imperfeições e pesares e coloco banca do cara de pau, de modo a tranquilizar os pais queridos, porque a morte não nos promove à condição dos anjos eternos. 9 Sermos nós mesmos, com a luta do dia a dia para melhorar-nos e aprender a viver por nossa conta, esta é a verdade.

10 Ninguém nos imagina na posição de brotos de luz, porque isso ainda não pega.

11 Fazemos força e a Vovó Anal, que veio em minha companhia, me recomenda não fingir o que ainda não sou.

12 Apesar de tudo, tenho agora fé em Deus e com isso compreendo que vou conquistar os recursos de que preciso para ser um filho melhor e um obreiro correto do bem.

13 Mas digo isso tudo com muita saudade da mamãe Chiquinha e do papai Wilson, aos quais entrego as esperanças e agradecimentos do filho cada vez mais amigo.


Dudu

Eduardo Ruiz Dellalio

04 de outubro de 1981.


QUINTA MENSAGEM


1 Oi, mamãe Chiquinha e papai Wilson, nós aqui, dando duro nos estudos das lições do Cristo e vocês dois aí nos correios, à caça de notícias. 2 O chamamento é tão forte que pedi aos professores aquele consentimento sem apresentar qualquer desculpa a fim de falar aos pais queridos.

3 Não se preocupem. Tudo bem. Somos muitos os companheiros aqui para saudações, mas nem todos conseguem escrever, porque os amigos que estiveram na sabatina da noite de ontem, estão de olheiras roxas. 4 Repousaram se isso lhes foi possível aí pelo romper da Dona Aurora Clara de Deus. Eu mesmo, quando me retirei da tarefa, pois estávamos todos cooperando a fim de que os amigos novatos se comunicassem, ao sair para a nossa residência coletiva, estava em dúvida se voltaria hoje. 5 Dizem que os desencarnados não se cansam. Quem pensa que isso seja verdade que se cuide para quando estiver de volta a estes papos. 6 A nossa lida em serviço não é moleza, mas não estou fazendo blá-blá-blá. Tudo vai passando e a gente se refaz na alegria de vê-los satisfeitos.

7 Aqui são vários os amigos que me recomendam a transmissão de recados, mas tenho limitações compreensíveis e registrarei alguns.

8 O nosso amigo Beto dos Santos Dias n abraça os pais queridos, nossos amigos Antero e D. Adelaide, n a irmã Eliete n beija a fronte dos pais muito amados; o Alfredo Platzeck Neto n cumprimenta afetuosamente à querida mãezinha e o tio presente e muitos outros acenam aos familiares queridos, desejando-lhes Paz e Alegria.

9 Tenho vontade de treinar comunicações mas, por enquanto, creio que sou um desastre no assunto. Lembranças de todos para todos — frase esquisita de rapaz querendo resumir o que não sabe alongar. E sejamos razoáveis. O pessoal da casa que nos acolhe não deve ser massacrado.

10 Mamãe Chiquinha e meu pai Wilson, meus queridos amores de cada dia, recebam tudo o que desejariam possuir de bom e ainda não tenho para lhes dar. Guardem a minha oferta imaginária e conservem o amor e a gratidão constante do filho que lhes pertence e os ama sempre mais.


Du

Eduardo Ruiz Dellalio

13 de fevereiro de 1982.


SEXTA MENSAGEM


1 Querido papai Wilson e querida mãezinha Chiquinha. O tio José Dellalio n está comigo e veio assistir as nossas comunicações.

2 Estou sempre melhorando e sem férias para usufruir aquilo de que ainda não preciso. É preciso dar duro para aprender.

3 Ninguém suponha que a morte do corpo tem prato de descanso no cardápio. Estou, no entanto, muito contente, na vida nova, apesar das saudades velhas.

4 Beijos do Eduardo.


Eduardo Ruiz Dellalio

03 de julho de 1982.


SÉTIMA MENSAGEM


1 Querida mamãe Chiquinha e querido papai Wilson, estamos no vigésimo ano de reencontro. Aniversário à vista. Festa recordada.

2 Rearticulo na imaginação aquela pressa tradicional das velas de quem guardou e não as encontrou. Afinal, é preciso acendê-las e depois apagá-las de sopro. 3 Os amigos, com os pais queridos à frente, cantam aquele famoso “Parabéns pra você” e, da última vez em que se realizou a nossa celebração, houve engano naquela expressão “Muitos anos de vida”, porque o meu tempo estava na beira. Quem teria glaçado o bolo?

4 E a mamãe desvenda o mistério. E numa conversa longa, em que se fala de receitas experimentadas e dos serviços de Dona Fulana que estava sem tempo, mas se prontificou a fazer uma torre florida para o Dudú.

5 Alegra-me pensar que estávamos todos reunidos, em torno de uma simples ideia, o natalício de um filho. Imagino agora que é tão fácil congregar pessoas e atar muitos amigos no mesmo interesse, quando se trata, no mundo, de obter o dinheiro mais fácil. Impressionante a descoberta de meus pais. Iluminar uma casa inteira, esnobar flores caras e, quantas vezes, promover o estouro de algum frasco verde, de cujo gargalo se desprendia aquela espuma licorosa.

6 Tudo passou e não passou, porque nos achamos aqui, unidos sempre, rememorando o natalício em companhia de amigos diletos. Tanto amor se desprende da mesa que nos reúne que fico espantado! Mamãe Chiquinha, o que é que você fez para realizar este milagre?

7 Tenho vontade de chorar, sob a emoção que me domina, mas me contenho para dizer a você, a meu pai, aos nossos amigos, muito obrigado. Não falta qualquer de nossos laços queridos a este rancho de carinho e de amor, no qual sou eu quem deve agradecer e estou desconhecendo a maneira de faze-lo.

8 Os amigos estão conosco, pelas forças telepáticas da lembrança. Adilson, Osvaldo n e todos os que se me faziam irmãos pelo coração, se acham reunidos aqui, através das recordações. Cada qual tem uma ponta nesta novela de amor e luz que somente os pais amigos sabem entretecer.

9 Já sei que as comemorações para nós agora, as mais valiosas e queridas, já começaram. Acompanhei-os, ao entardecer, ao lado de nossas crianças e de nossos irmãos doentes. Não trocaria a mais linda excursão por aqueles minutos nos quais temos a nossa prosperidade e o nosso reconforto, no sorriso de nossos amigos, para os quais um simples pão vale tanto.

10 Agora, peço a Deus me faça digno de receber o auxílio de que necessito, a fim de, mais tarde, merecer, de fato, manifestações tão comovedoras de bondade e carinho.

11 A nossa convidada desta noite é a Carolina n que me herdou os carinhos caseiros. Deus nos ajude a construir-lhe a felicidade.

12 Querida mamãe Chiquinha, aqui se encontram amigos vários. Destaco, no entanto, a presença da vovó Josefina Cianflone, n recentemente trazida para cá que ainda se reconhece junto a sua casa. 13 A vovó, linda tal qual é, na bondade com que lhe conhecemos o coração, não se compreende no diálogo comigo, tratando-me como se estivesse nos tempos daí. 14 Com a mais linda inocência, me pergunta se estamos no Tatuapé, na Euclides de Freitas, porque a ideia da morte não lhe alcançou ainda a cabeça. 15 Trago comigo duas amigas, as irmãs Encarnação Ruiz n e Luiza Cianflones n com a naturalidade de quem partilha numa reunião de preces e indaga sobre à ausência de meus avós. 16 E o melhor de tudo que devo conversar com ela sem lhe alterar as ideias. Já confirmei que estamos no Tatuapé e ela me pediu que hoje me afastasse de motos. 17 Maravilhosa vovó! Ela ignora que a moto já me promoveu a transferência. E, nessa fase, vamos seguindo… Agradeço-lhes por todas as bênçãos com que me recordam.

18 Querida mãezinha, quando saí naquela tarde, a imaginar como devíamos formar um esquema de férias com o papai Wilson, não sabia eu que estava saindo de mudança. E, na festa de hoje, tudo me parece um romance do qual estamos no meio.

19 Deus nos ajude a vencer, com a execução de nossos compromissos. Não tenho tido muitas transformações. 20 Estudo e trabalho mas, de quando em quando, é preciso tirar um sarro para refazer ambientes e forças. 21 Creiam, porém, você mamãe e papai, que não piorei. Não tenho vocação para retiros Espirituais e admiro a perfeição de muitos amigos, sem querer imitá-los.

22 Mas, deixemos estes assuntos para lá. Com o tempo, o próprio tempo se modifica e a verdade é que nós todos somos quase que escravos do tempo.

23 Desejo informar ao nosso amigo Valdir n que a nossa respeitável amiga Dona Inês Pavine Nadal n está seguindo bem, no Instituto de Tratamento Espiritual a que foi recolhida.

24 A vida por aqui não é moleza para ninguém. Quem não gostar de trabalho que se cuide, porque somos induzidos mas não obrigados a cumprir uma extensa relação de atividades 25 e não é fácil a comunicação entre pessoas, embora isso não seja problema para aqueles cobras da Espiritualidade que nos concedem atenção e, ao mesmo tempo, estão permutando informações e palavras a longas distâncias.

26 Por enquanto, se eu quiser aprender que me esforce.

27 Que saudades das mesadas do papai que você, mamãe Chiquinha, suplementava para que eu pudesse esticar minhas andanças! Isso, porém, é assunto impróprio. Já gastei por aí muita grana, sem maior proveito e não posso estragar nossa festa.

28 Mãezinha, muito grato por tudo a você e a meu pai. Beije por mim a nossa Carolina n pequenina. E fale com a irmãzinha que eu também a amo muito.

29 Agora, mamãe, não posso continuar. As lágrimas me subiram do peito para os olhos. É uma vergonha chorar assim, quando a felicidade está conosco. Mas a sua festa me enterneceu. 30 Estou com saudades de uma competição de forças com o papai Wilson e com muitas saudades do seu jeito de satisfazer a todos os nossos convidados, para que o bolo não faltasse a ninguém. Estou com saudades da tia Ilca n e tanta gente está chegando ao meu coração!

31 Sinto-me unicamente capaz de agradecer e pedir-lhes me abençoem e não me esqueçam nas orações habituais.

32 Papai Wilson e mamãe Chiquinha, este é o momento do “Tchau”. Quando eu puder voltarei e, quando pudermos, haveremos de fazer outra festa com tantos companheiros e tantos irmãos em derredor de nós.

33 Perdoem-me se termino aqui. Não sei molhar o lápis nas lágrimas para escrever. Desse modo, pais queridos, fiquemos todos com Deus e, no abraço de carinho com que me acolhem as palavras, sintam o pulsar de meu coração entre os dois.

34 Estivesse completando duzentos anos de idade física, minha emoção não seria menor. Recebam, assim, com tudo o que sinto e não escrevo, o carinho imenso repleto de muitas saudades do filho amigo, sempre com toda a gratidão que sou capaz de sentir.


Dudu

Eduardo Ruiz Dellalio

16 de outubro de 1982.

(20º ano de seu nascimento)


NOTAS


1 — José Dellalio — tio paterno, desencarnado.

2 — Francisca Molina — bisavó materna, desencarnada.

3 — Izabel Mazzucati — Presidente Espiritual.

4 — Centro Espírita “Jesus Redivivo”.

5 — Ana Portugal Linhares — Bisavó materna, desencarnada

6 — Lais Linhares Ruiz — Vovó materna

7 — Carlos Alberto dos Santos Dias (Beto) — vide cap. 2.

8 — Antero e Adelaide dos Santos Dias — amigos da família, pais de Carlos Alberto.

9 — Eliete Caetano Grimaldi e Alfredo Platzeck Neto — amigos do Plano Espiritual.

10 — Adilson Cheganças e Oswaldo Ferreira Jr. — amigos de Eduardo.

11 — Carolina — irmã nascida em 22 de agosto de 1982.

12 — Josefina Cianflone — avó de uma grande amiga de Dª Chiquinha, falecida 6 meses antes desta comunicação.

13 — Encarnação Ruiz — parente da avó materna.

14 — Luiza Cianflone — parente de Dª Josefina Cianflone.

15 — Valdir Nadal — amigo dos pais de Eduardo.

16 — Inês Pavine Nadal — mãe de Valdir, falecida a 20 de dezembro de 1980.

17 — Ilca — tia materna.


Beatriz L. P. Galves


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