O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A Vida Escreve — Hilário Silva — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 2ª Parte


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Claudino e a lavoura

1 Entre Barra do Piraí e a vila de Juparanã, no Estado do Rio, Claudino Dias, denodado seareiro espírita barrense, havia plantado grande milharal de parceria com um amigo.

2 O sócio, lavrador de prol, cuidava da gleba, e Claudino, que aceitara o negócio na intenção de ajudar uma instituição de caridade, financiava o cometimento.

De vez em vez, os dois, juntos, iam namorar a cultura viçosa de que as águas do Paraíba eram farto sustento.

3 Surgindo a época das espigas iniciantes, mãos anônimas começaram talando a roça.

— Sr. Claudino, — vinha José, o sócio, notificar, dia a dia, — o produto está sendo surripiado. Alguém está fazendo comércio de milho verde, à nossa custa.

— José, — recomendava o amigo, — vigie com critério. Se você apanhar o responsável, não faça violência. Dê conselhos…

4 E na manhã seguinte, José aparecia, renovando a denúncia.

Porque o resto do milho amadurecesse e o furto continuasse, numa noite de luar Claudino resolveu inspecionar a roça, ele mesmo.

5 Caminhou, em silêncio, quase uma hora, até que atingiu a margem do rio. Alguns momentos depois de zero hora, descansou, em prece, sob copada árvore.

Decorridos alguns minutos, notou que alguém quebrava o milho com discrição.

Tac… tac… tac… tac… Recordou o Evangelho e mentalizou as palavras que iria dizer. Não feriria o irmão que aproveitava a noite para roubar.

6 Avançou devagarinho… Mas, a poucos metros, vê o intruso.

É o próprio parceiro da lavoura, arrancando espigas, despreocupado.

Claudino recua.

7 Ele, que desejava surpreender, não quer ser agora surpreendido.

Compadece-se do amigo e afasta-se em silêncio.

8 No dia seguinte, o sócio vem de novo comunicar-lhe que a roça estava sumindo…

— José, — diz o companheiro, em tom paternal, — realmente a lavoura tem dado a você muitos problemas e prejuízos, mas desejo ajudá-lo. Não precisa pensar em mim. A plantação é toda sua. De hoje em diante, você é o dono. Pode agir à vontade…

— Oh! Oh! Muito obrigado. O senhor é um santo… — Falou o amigo.

9 E continuou:

— Agradeço muito, mas queria convidar o senhor para plantarmos dois alqueires de amendoim.

Claudino sorriu e respondeu:

— Muito grato pelo convite, mas agora não posso. Meus deveres são muitos.

10 E ante o amigo desapontado, concluiu:

— Mas Deus é sócio de todos nós e estará com você…


Hilário Silva


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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