O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Antologia dos Imortais — Autores diversos — 2ª Parte


46

Zeferino Brazil


APARIÇÃO

1 Saulo, o perseguidor, segue o roteiro, atento.
Vem Damasco à visão do futuro rabino.
Aridez ao redor… Mato raro, mofino… n
Nem perfume de flor, nem sussurro de vento.


2 Pronto, vasto clarão golpeia o firmamento.
Desce um homem de luz e empana o Sol a pino.
“Saulo!… Saulo!…” — convoca o emissário divino.
“Quem sois vós?” — Saulo grita, assombrado e violento.


3 “Eu sou Jesus” — responde a vítima ao verdugo —,
“Não recalcitres mais contra o amor de meu jugo!”
Cego, o doutor da lei tomba de alma ferida…


4 Mas longe de jungir-se aos grilhões do passado,
Levanta-se na areia, exsurge transformado,
E consagra a Jesus o coração e a vida.


ZEFERINO de Sousa BRAZIL — Poeta, cronista e jornalista, membro da extinta Academia Riograndense de Letras e patrono da cadeira nº 24 na Academia Sul-Riograndense de Letras, o “Príncipe dos Poetas do Rio Grande do Sul” legou um nome de grande prestígio nos meios intelectuais do País. Referindo-se à poesia de Zeferino Brazil, João Pinto da Silva (Hist. Lit. R.G.S., pág. 86) afirmou: “É um inspirado, um espontâneo, à maneira antiga, sem deixar de ser, ao mesmo tempo, um artista.” Incluindo-o em sua Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana, Manuel Bandeira tirou-o do olvido. (Porto Grande, Munic. de Taquari, Est. do Rio Grande do Sul, 24 de Abril de 1870 — Porto Alegre, Est. do R. G. S., 3 de Outubro de 1942.)

BIBLIOGRAFIA: Alegros e Surdinas; Vovó Musa; Na Torre de Marfim; Teias de Luar; etc.



[1] Atente-se na musicalidade dos versos. Expressiva a aliteração da línguo-dental t, em que entra a homorgânica d, de magnífico efeito. Aliás, a sequência de fonemas congêneres se faz em todo o soneto.


(Psicografia de Waldo Vieira)


Abrir