O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Almas em desfile — Hilário Silva — F. C. Xavier / Waldo Vieira — 2ª Parte


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O porteiro e o Almirante

1 O Almirante Francisco Vieira Paim Pamplona, que foi Presidente da Federação Espírita Brasileira e espírita dos mais abnegados, no Rio, dirigia o “Asilo de Órfãos Anália Franco” e era ali muito procurado.

2 Homem de muitas atribuições, compadecia-se daqueles companheiros aos quais não podia ceder maior atenção.

Pensando sanar o problema, tomou a cooperação de um confrade desempregado que lhe pedira auxílio.

3 Até que lhe arranjasse colocação, o moço ficaria junto à instituição, atendendo às visitas inesperadas.

Conversaria pacientemente.

Trataria a todos com caridade.

Indicaria o horário certo em que ele pudesse ser encontrado, sem prejuízo do trabalho.

4 E ele, o Almirante, pagaria modesta remuneração do próprio bolso.

O amigo aceitou, contente.

5 No vigésimo dia de serviço, porém, Paim Pamplona teve responsabilidades mais graves e por lá ficou, até muito tarde, sem que o homem soubesse de sua presença, em sala próxima.

Em certa hora, ouviu altas vozes.

Aguçou o ouvido e escutou.

6 O moço gritava para pobre mulher:

— Safe-se daqui! “Sua” velhaca! A senhora acha que pode pedir ao Almirante uma coisa dessas? Espiritismo não é feitiçaria. Se a senhora voltar aqui com este assunto de homem fugido, bato a porta em sua cara! Compreendeu? Rua! Vá para a rua! O Almirante não esteve, não está e nem estará. Suma de minha vista!

— Desculpe! Desculpe! — Rogava a pobre.

7 Mas o improvisado porteiro gritava:

— Rua, antes que eu chame a polícia! Rua, antes que eu chame a polícia!

A senhora saiu correndo.

8 O Almirante chegou calmo e ainda encontrou o moço fulo de cólera.

— Há quantos dias você está trabalhando? Falou Paim Pamplona, sem alterar-se.

— Vinte dias, Almirante.

9 O distinto oficial da Marinha Brasileira enfiou a mão no bolso, retirou a carteira, contou a importância e estendeu as cédulas ao moço, dizendo-lhe:

— Bem, meu filho, de hoje em diante não se considere mais a meu serviço.

— Mas, por quê? — Indagou o amigo desapontado.

10 E o Almirante sereno:

— A cena que você acabou de representar não condiz com o programa espírita desta Casa.


Hilário Silva


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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