O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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O Espiritismo e as Grandes Transições

(Sumário)

1. A extinção do cativeiro.


1 O século XIX caracteriza-se pelas suas conquistas numerosas. A par dos grandes fenômenos de evolução científica e industrial que o abalaram, observam-se igualmente os acontecimentos políticos de suma importância, renovando as concepções sociais de todos os povos da raça branca.

2 Um desses grandes acontecimentos é a extinção do cativeiro. 3 Cumprindo as determinações do Divino Mestre, seus mensageiros do Plano Invisível laboram junto aos gabinetes administrativos, de modo a facilitar o generoso triunfo da liberdade.

4 As decisões do Congresso de Viena,  †  reprovando o tráfico de homens livres, encontrara funda repercussão em todos os países. 5 Em 1834, o parlamento inglês resolve abolir a escravidão em todas as colônias da Grã-Bretanha. 6 Em 1850, o Brasil suprime o tráfico africano. 7 Na revolta de 1848, a França delibera a extinção do cativeiro em seus territórios. 8 Em 1861, Alexandre II da Rússia  †  declarava livres todos os camponeses que trabalhavam sob o regime da escravidão, 9 e, de 1861 a 1865, uma guerra nefanda devasta o solo generoso dos Estados Americanos do Norte, em face da luta da secessão,  †  que termina com a vitória da liberdade e das ideias generosas da grande nação da América.


2. O Socialismo.


1 Grandes ideias florescem na mentalidade de então. Ressurgem, aí, as antigas doutrinas da igualdade absoluta. 2 Aparece o socialismo  †  propondo reformas viscerais e imediatas. Alguns idealistas tocam a Utopia de Tomás More,  †  ou a República perfeita,  †  idealizada por Platão. 3 Fundam-se as alianças de anarquismo,  †  as sociedades de caráter universal. 4 Uma revolução sociológica de consequências imprevisíveis ameaça a estabilidade da própria civilização, condenando-a à destruição mais completa.

5 O fim do século que passou é o cenário vastíssimo dessas lutas inglórias. Todas as ciências sociais são chamadas aos grandes debates levados a efeito entre o capitalismo e o trabalho. 6 Onde se encontram, porém, as forças morais capazes de realizar o grande milagre da elucidação de todos os espíritos? 7 A Igreja Romana, que nutria a civilização ocidental desde o seu berço, era a entidade indicada pela força das circunstancias, para resolver o grande problema.

8 Todavia, após as afirmativas do Sílabo  †  e depois do famoso discurso do bispo Strossmayer,  †  em 1870, no Vaticano, quando Pio IX decretava a infalibilidade pontifícia,  †  semelhante equação era muito difícil por parte da Igreja. 9 Entretanto, Leão XIII  †  vem ao campo da luta com a encíclica “Rerum Novarum”,  †  tentando conciliar o braço e o capital, apontando a cada qual os seus mais sagrados deveres. 10 Se o efeito desse documento foi de considerável importância para as classes mais cultas do Velho e do Novo Mundo, tanto não se deu com as classes mais desfavorecidas, fartas de palavras.


3. Restabelecendo a verdade.


1 O Espiritismo vinha, desse modo, na hora psicológica das grandes transformações, alentando o espírito humano para que se não perdesse o fruto sagrado de quantos trabalharam e sofreram no esforço penoso da civilização. 2 Com as provas da sobrevivência, vinha reabilitar o Cristianismo que a Igreja deturpara, semeando, de novo, os eternos ensinamentos do Cristo no coração dos homens. 3 Com as verdades da reencarnação, veio explicar o absurdo das teorias igualitárias absolutas, cooperando na restauração do verdadeiro caminho do progresso humano. 4 Enquadrando o socialismo nos postulados cristãos, não se ilude com as reformas exteriores, para concluir que a única renovação apreciável é a do homem íntimo, célula viva do organismo social de todos os tempos, pugnando pela intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho do Cristo. 5 Ensinando a lei das compensações no caminho da redenção e das provas do indivíduo e da coletividade, estabelece o regime da responsabilidade, em que cada espírito deve enriquecer a catalogação dos seus próprios valores. 6 Não se engana com as utopias da igualdade absoluta, em vista dos conhecimentos da lei do esforço e do trabalho individual, e não se transforma em instrumento de opressão dos magnatas da economia e do poder, por consciente dos imperativos da solidariedade humana. 7 Despreocupado de todas as revoluções, porque somente a evolução é o seu campo de atividade e de experiência, distante de todas as guerras pela compreensão dos laços fraternos que reúnem a comunidade universal, ensina a fraternidade legítima dos homens e das pátrias, das famílias e dos grupos, alargando as concepções da justiça econômica e corrigindo o espírito exaltado das ideologias extremistas.

8 Nestes tempos dolorosos em que as mais penosas transições se anunciam ao espírito do homem, só o Espiritismo pode representar o valor moral onde se encontre o apoio necessário à edificação do porvir. 9 Enquanto os utopistas da reforma exterior se entregam à tutela de ditadores impiedosos, como os da Rússia e da Alemanha, depois de sinistras aventuras revolucionárias, prossegue a sua obra educativa junto das classes intelectuais e das massas anônimas e sofredoras, preparando o mundo de amanhã com as luzes imorredouras da lição do Cristo.


4. Defecção da Igreja Católica.


1 Desde 1870, ano que assinalou para o homem a decadência da Igreja,  †  em virtude da sua defecção espiritual no cumprimento dos grandes deveres que lhe foram confiados pelo Senhor, nos tempos apostólicos, que um período de transições profundas marca todas as atividades humanas.

2 Em vão o mundo esperou as realizações cristãs, iniciadas no império de Constantino. Aliada do Estado e vivendo à mesa dos seus interesses econômicos, a Igreja não cuidou de outra cousa que não fosse o seu reino perecível. 3 Esquecida de Deus, nunca procurou equiparar a evolução do homem físico à do homem espiritual, prendendo-se a interesses rasteiros e mesquinhos da política do mundo. É por isso que agora pairam-lhe sobre a fronte os mais sinistros vaticínios.


5. Lutas renovadoras.


1 O século XX surgiu no horizonte do Globo, como uma arena ampla de lutas renovadoras. As teorias sociais continuam seu caminho, tocando muitas vezes a curva tenebrosa do extremismo, mas as revelações do além-túmulo descem sobre as almas, como um orvalho imaterial, preludiando a paz e a luz de uma nova era.

2 Numerosas transformações são aguardadas e o Espiritismo esclarece os corações, renovando a personalidade espiritual das criaturas para o futuro que se aproxima.

3 As guerras russo-japonesa e a europeia de 1914-1918  †  foram fases de uma luta maior, que não vem muito longe, e dentro da qual o planeta alijará todos os Espíritos rebeldes e galvanizados no crime, que não souberam aproveitar a dádiva de numerosos milênios, no patrimônio sagrado do tempo.

4 Então a Terra, como aquele mundo longínquo da Capela,  †  ver-se-á livre das entidades endurecidas no mal, porque o homem da radiotelefonia e do transatlântico precisa de alma e sentimento, a fim de não perverter as sagradas conquistas do progresso. 5 Ficarão no mundo os que puderem compreender a lição do amor e da fraternidade sob a égide de Jesus, cuja misericórdia é o verbo de vida e luz, desde o princípio.

6 Época de lutas amargas, desde os primeiros anos deste século a guerra se aninhou com caráter permanente em quase todas as regiões do planeta. 7 A Liga das Nações,  †  o Tratado de Versalhes,  †  bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido senão fenômenos da própria guerra, que somente terminarão com o apogeu dessas lutas fratricidas, no processo de seleção final das expressões espirituais da vida terrestre.


6. A América e o futuro.


1 Embora seja compelida a participar das lutas próximas, pelo determinismo das circunstâncias de sua vida política, a América está destinada a receber o cetro da civilização e da cultura, na orientação dos povos do porvir.

2 Em torno dos seus celeiros econômicos, reunir-se-ão as experiências europeias, aproveitando o esforço penoso dos que tombaram na obra da civilização do Ocidente para a edificação do homem espiritual, que há de sobrepor-se ao homem físico do planeta, no pleno conhecimento dos grandes problemas do ser e do destino.

3 Para esse desiderato grandioso, apresta-se o Plano Espiritual, no afã de elucidação dos nobres deveres continentais. 4 O esforço sincero de cooperação no trabalho e de construção da paz não é aí uma utopia, como na Europa saturada de preconceitos multisseculares.

5 Nos campos exuberantes do continente americano estão plantadas as sementes de luz da árvore maravilhosa da civilização do porvir.


7. Jesus.


1 Há no mundo um movimento inédito de armamentos e munições. Teria começado neste momento? Não. 2 A corrida armamentista do século XX começou antes da luta de Porto Artur,  †  em 1904. 3 As indústrias bélicas atingem culminâncias imprevistas. Os campos estão despovoados. Os homens se recolheram às zonas de concentração militar, esperando o inimigo, sem saber que o adversário está em seu próprio espírito. 4 A Europa e o Oriente constituem um campo largo de agressão e terrorismo, com exceção das Repúblicas Democráticas, que se veem obrigadas a grandes programas de rearmamento, em face do Moloque do extremismo. 5 Onde os valores morais da Humanidade? As igrejas estão amordaçadas pelas injunções de ordem econômica e política. 6 Somente o Espiritismo, prescindindo de todas as garantias terrenas, executa o esforço tremendo de manter acesa a luz da crença, nesse barco frágil do homem ignorante do seu glorioso destino, barco que ameaça voltar às correntes da força e da violência, longe das plagas iluminadas da Razão, da Cultura e do Direito.

7 Convenhamos em que o esforço do Espiritismo é quase superior às suas próprias forças, mas o mundo não está à disposição dos ditadores terrestres. 8 Jesus é o seu único diretor no Plano das realidades imortais, e agora que o mundo se entrega a todas as expectativas angustiosas, os espaços mais próximos da Terra se movimentam a favor do restabelecimento da verdade e da paz, a caminho de uma nova era.

9 Espíritos abnegados e esclarecidos falam-nos de uma nova reunião da comunidade das potências angélicas do sistema, da qual é Jesus um dos membros divinos. 10 Reunir-se-á, de novo, a sociedade celeste, pela terceira vez, na atmosfera terrestre, desde que o Cristo recebeu a sagrada missão de abraçar e redimir a nossa Humanidade, decidindo novamente sobre os destinos do nosso mundo.

11 Que resultará desse conclave dos Anjos do Infinito?
Deus o sabe.

12 Nas grandes transições do século que passa, aguardemos o seu amor e a sua misericórdia.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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