O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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A caminho da Luz — Emmanuel


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A Vinda de Jesus

(Sumário)

1. A manjedoura.


1 A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.

2 Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.

3 Debalde os escritores materialistas de todos os tempos vulgarizaram o grande acontecimento, ironizando os altos fenômenos mediúnicos que o precederam. As figuras de Simeão, ( † ) de Ana, ( † ) de Isabel, ( † ) de João Batista, de José, bem como a personalidade sublimada de Maria, têm sido muitas vezes objeto de observações injustas e maliciosas; mas a realidade é que somente com o concurso daqueles mensageiros da Boa Nova, portadores da contribuição de fervor, crença e vida, poderia Jesus lançar na Terra os fundamentos da verdade inabalável.


2. O Cristo e os essênios. n


1 Muitos séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redenção. 2 As próprias Esferas mais próximas da Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos Espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas.

3 O Mestre, porém, não obstante a elevada posição das escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, dentro da superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.


3. Cumprimento das profecias de Israel.


1 Do seu divino apostolado nada nos compete dizer em acréscimo das tradições que a cultura evangélica apresentou em todos os séculos posteriores à sua vinda à Terra, reafirmando, todavia, que a sua lição de amor e de humildade foi única em todos os tempos da Humanidade.

2 Dele asseveraram os profetas de Israel, muito tempo antes da manjedoura e do calvário: — “Levantar-se-á como um arbusto verde, vivendo na ingratidão de um solo árido, onde não haverá graça nem beleza. Carregado de opróbrios e desprezado dos homens, todos lhe voltarão o rosto. Coberto de ignomínias, não merecerá consideração. É que Ele carregará o fardo pesado de nossas culpas e de nossos sofrimentos, tomando sobre si todas as nossas dores. Presumireis na sua figura um homem vergando ao peso da cólera de Deus, mas serão os nossos pecados que o cobrirão de chagas sanguinolentas e as suas feridas hão de ser a nossa redenção. Somos um imenso rebanho desgarrado, mas, para nos reunir no caminho de Deus, Ele sofrerá o peso das nossas iniquidades. Humilhado e ferido, não soltará o mais leve queixume, deixando-se conduzir como um cordeiro ao sacrifício. O seu túmulo passará como o de um malvado e a sua morte como a de um ímpio. Mas, desde o momento em que oferecer a sua vida, verá nascer uma posteridade e os interesses de Deus hão de prosperar nas suas mãos.” ( † )


4. A grande lição.


1 Sim, o mundo era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade; 2 mas o Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores. 3 Escolheu os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário feito dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza. 4 Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. 5 Combateu pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. 6 Espalhou as mais claras visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. 7 Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as filosofias, clarificou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniquidade na balança da redenção.


5. A palavra divina.


1 Não nos compete fornecer uma nova interpretação das palavras eternas do Cristo, nos Evangelhos. 2 Semelhante interpretação está feita por quase todas as escolas religiosas do mundo, competindo apenas às suas comunidades e aos seus adeptos a observação do ensino imortal, aplicando-a a si próprios, no mecanismo da vida de relação, de modo que se verifique a renovação geral, na sublime exemplificação, 3 porque, se a manjedoura e a cruz constituem lições inesquecíveis, muito mais devem representar, para nós outros, os exemplos do Divino Mestre, no seu trato com as vicissitudes da vida terrestre.

4 De suas lições inesquecíveis, decorrem consequências para todos os departamentos da existência planetária, no sentido de se renovarem os institutos sociais e políticos da Humanidade, com a transformação moral dos homens dentro de uma nova era de justiça econômica e de concórdia universal.

5 Pode parecer que as conquistas do verdadeiro Cristianismo sejam ainda remotas, em face das doutrinas imperialistas da atualidade, mas é preciso reconhecer que dois mil anos já dobaram sobre a palavra divina. 6 Dois mil anos em que os homens se estraçalharam em seu nome, inventando bandeiras de separatividade e destruição. Incendiaram e trucidaram, em nome dos seus ensinos de perdão e de amor, massacrando esperanças em todos os corações. 7 Contudo, o século que passa deve assinalar uma transformação visceral nos departamentos da vida. 8 A dor completará as obras generosas da verdade cristã, porque os homens repeliram o amor em suas cogitações de progresso.


6. Crepúsculo de uma civilização.


1 Uma nuvem de fumo vem-se formando, há muito tempo, nos horizontes da Terra cheia de indústrias de morte e destruição. 2 Todos os países são convocados a conferirem os valores da maturação espiritual da Humanidade, verificada no orbe há dois milênios. 3 O progresso científico dos povos e as suas mais nobres e generosas conquistas são reclamados pelo banquete do morticínio e da ambição, 4 e, enquanto a política do mundo se sente manietada ante os dolorosos fenômenos do século, registam-se nos espaços novas atividades de trabalho, porque a direção da Terra está nas mãos misericordiosas e augustas do Cordeiro.


7. O exemplo do Cristo.


1 Sem nos referirmos, porém, aos problemas da política transitória do mundo, lembremos, ainda, que a lição do Cristo ficou para sempre na Terra, como o tesouro de todos os infortunados e de todos os desvalidos. Sua palavra construiu a fé nas almas humanas, fazendo-lhes entrever os seus gloriosos destinos. 2 Haja necessidade e tornaremos a ver a crença e a esperança reunindo-se em novas catacumbas romanas, para reerguerem o sentido cristão da civilização da Humanidade.

3 É, muitas vezes, nos corações humildes e aflitos que vamos encontrar a divina palavra cantando o hino maravilhoso dos bem-aventurados.

4 E, para fecharmos este capítulo, lembrando a influência do Divino Mestre em todos os corações sofredores da Terra, recordemos o episódio do monge de Manilha, que, acusado de tramar a liberdade de sua pátria contra o jugo dos espanhóis, é condenado à morte e conduzido ao cadafalso.

5 No instante do suplício, soluça desesperadamente o mísero condenado: — “Como, pois, será possível que eu morra assim inocente? Onde está a justiça? Que fiz eu para merecer tão horrendo suplício?”

6 Mas um companheiro corre ao seu encontro e murmura-lhe aos ouvidos: — “Jesus também era inocente!…”

7 Passa, então, pelos olhos da vítima, um clarão de misteriosa beleza. Secam-se as lágrimas e a serenidade lhe volta ao semblante macerado, e, quando o carrasco lhe pede perdão, antes de apertar o parafuso sinistro, ei-lo que responde resignado: — “Meu filho, não só te perdoo como ainda te peço cumpras o teu dever.”


Emmanuel



[1] No livro impresso: “Cristo e os essênios.”


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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