O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano VI — Março de 1863.

(Idioma francês)

POESIAS ESPÍRITAS.


Mãe e filho.

(Sociedade Espírita de Bordeaux,  †  6 de julho de 1862. – Médium: Sr. Ricard.)

Num berço rosa e branco uma criança,

Um belo anjo que um cântico embalava;

No olhar santo da mãe quanta esperança,

No filho, ébria de amor, terna o velava!…


Oh! como é belo o filho de minha alma!…

Dorme, querido, estou contigo, assim…

Ao despertares do carinho a palma

E teus beijos serão só para mim!…


Oh! como é belo!… Deus, tomais-me a vida

Se de mim o tirares, amanhã…

Guardai-o bem, vos rogo enternecida!…

Já sua boca murmurou: Mamã!!!.


Este nome tão doce… e se vigia

Na primavera qual raio de sol…

É palavra de amor cuja harmonia

Nos faz sonhar com o céu em voz bemol!…


Oh! por seus braços ao ser enroscada,

Quando em meu seio lhe ouço o coração,

Eu sou feliz, minh’alma inebriada

Feliz partilha de excelsa emoção…


É tudo para mim… Ele é meu sonho!

Para ele só viver… é minha sorte.

Seiva de meu amor vivo e risonho,

Deste berço afastar-se deve a morte!!!…


Brevemente, meu Deus, por mim seguro

Vê-lo-ei ensaiar primeiros passos!…

Oh! que dia feliz… vem, vem futuro…

Eu temo que não chegues aos meus braços!


E mais ainda, eu na minha esperança

Bem grande o vejo e virtuoso e honrado,

A pureza do tempo de criança

De o conduzir feliz tendo guardado.


Oh! como é belo… Deus, tomais-me a vida

Se a desgraça o abater lá no amanhã!

Conservai-o, eu imploro, agradecida,

Já sua boca murmurou: Mamã!!…


Mas está frio… e pálido seu lábio!

Acorda, filho de meu coração!

Vem sobre o seio meu… Ó Deus, és sábio,

Vê que ele está gelado… E eu tremo, então!!


Ah! fez-se o fim! De viver já cessou!

Desgraça sobre mim! Perdi meu filho!

Deus sem piedade… enraivecida estou…

Não sois um Deus de amor e justo brilho!


Este anjo de inocência que vos fez

Para o tomardes já de meu amor?…

Abjuro a minha crença, aqui, de vez…

E aos vossos olhos morro em minha dor…


“Mãe!… Sou eu!… A minha alma se evolou

“E o Eterno reenviou-me aos pés de ti.

“Renega a raiva, mãe, que te manchou;

“Retorna a Deus… trago-te a Fé, aqui!…


“Curva-te às leis de Deus para o teu bem.

“És mãe culpada, em remoto passado…

“Fizeste um filho teu morrer também:

“Deus te puniu!… Pagá-lo pois te é dado!


“Toma este livro; ele te acalmará.

“Ditado por Espíritos, o trilho,

“Se o leres, mãe, de certo mostrará

“Onde um dia, no céu, terás teu filho!!!


Teu anjo de Guarda.


Allan Kardec.



Paris. — Typ. de Cosson et Ce rue du Four-St-Germain, 43.  † 


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